quinta-feira, fevereiro 16, 2006

DIMAS DIZ O QUE TODOS SABIAM QUE IRIA DIZER

Coberto por "habeas-corpus" que lhe dava o direito de ficar em silêncio e nada dizer que pudesse incriminá-lo, assim falou Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas [ao depor na CPI dos Correios]:
"Tenho vivido momentos difíceis desde as denúncias de Roberto Jefferson. Sou um homem simples; cultivo uma vida modesta. Há 25 anos moro no mesmo apartamento de 120 metros quadrados, na Barra da Tijuca [...] Não pedi a ninguém para ficar no cargo [no governo Lula], mas não sei se houve algum pedido. [...] Conheci o Delúbio Soares no final de 2002. A eleição já tinha acabado. Ele queria saber o que Furnas fazia. Tivemos uma conversa boa. [...] Estive uma única vez com o Roberto Jefferson. Fui na sua casa, a seu convite, na noite de 13 para 14 de abril de 2005. Fui ciente de que o meu cargo estava à disposição de um partido e das notícias de que ele [Jefferson] queria levar uma pessoa de fora. Fui tentar convencê-lo de que a minha substituição fosse feita por um funcionário da casa e não ninguém de fora. [...] Não conheço o Nilton Monteiro. Nunca me encontrei com essa pessoa. Não tenho a menor idéia do motivo que levou esse cidadão a fazer isso de distribuir uma lista. No início de 2004, ele telefonou para o gabinete quatro vezes. Não falei com ele porque realmente estava ocupado. Depois voltei a ouvir falar dele com a história da lista de Furnas. [...] Essa história de que dei para ele R$ 75 mil não é verdadeira. O deputado Roberto Jefferson acha que para fazer política vale qualquer coisa. Ele faltou com a verdade. Inclusive, disse três números diferentes sobre o suposto ajuste. [...] Quero negar veementemente qualquer participação na elaboração da lista. Trata-se de uma montagem, de uma falsificação. Nunca ajudei a financiar nenhum parlamentar ou pessoas nominadas na lista. A lista é totalmente absurda. Jamais tratei de financiamentos com as pessoas ali citadas, queria me solidarizar com estas pessoas pelo momento que estão passando. [...] Depois das denúncias que sofri, de terem invadido minha casa, me achei no direito de me resguardar. [...] Padrinho? Eu não tenho padrinho. Rifado onde? Eu não fui rifado, eu pedi para sair de Furnas."

Dimas, em síntese, falou tudo que todos sabiam iria falar. Muitos dos presentes [fazendo cara de bobo] fingiram crer em suas palavras.
Todo o Congresso, porém, sabe que houve [nos últimos tempos] algo de podre no reino de Furnas [tal como no reino da Dinamarca; há muito mais tempo atrás Shakespeare já falava sobre isso] .
Tiveram [em algum momento] conhecimento da atividade coletora de Dimas Toledo:
-FHC, que confirmou [a duas pessoas de sua confiança] haver mantido o funcionário na estatal graças a solicitações feitas por dois políticos de Minas [o tucano Aécio Neves e o ex-presidente Itamar Franco];
-Lula, que [em conversa reservada] confirmou ter recebido [no início de sua gestão] pedidos dos mesmos Aécio e Itamar em favor da manutenção de Dimas no cargo [e o manteve].
Saindo impune da era tucana, o então diretor de Furnas não demorou em colocar na sua agenda importantes figuras do PT, entre elas Delúbio Soares, tesoureiro [à época] do PT, com quem despachou inúmeras vezes no prédio da estatal.

Não sei o assunto de suas conversas: não me disseram. E, se não conversaram, melhor ainda. Quero é paz, sombra e água fresca. Eles lá que são brancos que se entendam.