Por Denis Rosenfield, filósofo, em 02.05, no Blog de Diego Casagrande
"Dois fatos são elucidativos dos desafios que a América Latina deve enfrentar: a nacionalização do petróleo e do gás na Bolívia e a intenção uruguaia de abandonar o Mercosul. Ambos países são governados por líderes ditos de esquerda, mas a orientação que imprimem aos seus governos é completamente distinta. É como se uma fosse de “direita” e o outro de “esquerda”, se é que essa distinção guarda alguma pertinência.
"Dois fatos são elucidativos dos desafios que a América Latina deve enfrentar: a nacionalização do petróleo e do gás na Bolívia e a intenção uruguaia de abandonar o Mercosul. Ambos países são governados por líderes ditos de esquerda, mas a orientação que imprimem aos seus governos é completamente distinta. É como se uma fosse de “direita” e o outro de “esquerda”, se é que essa distinção guarda alguma pertinência.
Evo Morales representa o retorno do velho populismo latino-americano com uma nova tinta, que lhe dá uma nova cor e configuração. O antigo populismo estava baseado num nacionalismo estreito, ancorado na criação de empresas estatais, como se essas fossem a solução para os graves problemas sociais que perpassam esse continente. Empresas desse tipo serviam para os seus líderes empregarem os seus aliados, além de serem uma fonte de dispêndio de recursos não controlados por restrições orçamentárias ou fiscais. O renascimento desse populismo, no entanto, que poderíamos denominar de neopopulismo, é fortemente impregnado pelo marxismo e pela experiência cubana, sob a égide de Fidel Castro. A retomada do marxismo vulgar como instrumento de análise e concepção de mundo oferece uma orientação à ação no sentido de instauração de uma sociedade de tipo socialista. A realidade passa a ser vista exclusivamente sob o prisma da luta de classes, do nacionalismo e da luta antiimperialista, mesmo se, no caso da Bolívia, o maior prejudicado seja o Brasil com a nacionalização da Petrobrás. A aliança estabelecida com Chávez e Fidel Castro se encaixa perfeitamente nesse marco de atuação, fazendo com que se possa caracterizar esse neopopulismo de “transição ao socialismo”. Não basta assinalar o ressurgimento do populismo se não atentarmos para a sua novidade, a de procurar assentar as bases de uma sociedade socialista, tendo Cuba como modelo..."
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