sexta-feira, junho 09, 2006

QUEM VAI LEMBRAR?

Procura-me aflita leitora, por e-mail, para saber se tenho eu alguma boa explicação para a mudança de voto dos Meretíssimos juízes do TSE.
Espantou-a o fato de entenderem Suas Excelências, ontem, que os partidos políticos pudessem vir a fechar [nos estados] alianças diferentes das estabelecidas para a disputa presidencial, contrariando a interpretação dos doutos juízes, da terça-feira, 06/06/06, que retirava a liberdade dos partidos - que não tivessem lançado candidatos à presidência - de fazer coligações nos estados com partidos que estivessem coligados nacionalmente.
Causou-lhe espécie - leitora assídua deste blog que é [ainda bem] - ver na Primeira Página de hoje, a quase totalidade de manchetes dos jornais tratando da mudança de posição do TSE com relação às eleições de outubro próximo. Mais um forte motivo para sua estranheza: apenas o voto do relator foi contrário ao decidido por aquele tribunal na terça-feira última; por sete votos contra zero deliberou-se, nesta quinta-feira, favoravelmente ao que propôs a relatoria.
Tivesse eu a competência de magistrado acostumado com as coisas da justiça e me atreveria a responder-lhe naqueles termos; não a tenho, infelizmente. Prefiro ousar o caminho da informação mais simples vinda das páginas dos jornais, dos comentários políticos apresentados nos canais de televisão que a isso se dedicam e dos botequins da vida.
Não me atreveria a dizer que, num porre coletivo - como alguém já imaginou - terça ou quinta-feira últimas, os Meretíssimos tivessem decidido por este ou aquele voto. Inacreditável, impensável, ridículo.
Mas não discordaria de alguém - como tenho visto dizer - que afirmasse ter havido uma leve e discreta(?) pressão de algum político da safra mais rodada desta Terra de Santa Cruz [ACM, Sarney e Calheiros] sobre o eminente ministro Marco Aurélio Mello, presidente do TSE.
"Não posso me substituir ao Congresso Nacional e insistir na verticalização pura", disse ele na quarta-feira, após encontro com aqueles políticos. Dissera um dia antes: "A verticalização existe ou não existe; ela não pode ser algo de fachada".

Começa hoje a Copa. Embora não esteja em campo o esquadrão do Brasil a maioria dos televisores estará ligada nos canais que transmitem a solenidade de abertura dos jogos e a peleja inicial entre Alemanha e Costa Rica. Depois, amiga leitora, é correr para o abraço.
Alguém vai lembrar dessa lambança?