Vale a pena lembrar, caríssima leitora - assidua telespectadora [com toda a família, incluído o maridão] da chamada "novela das 8" da TV Globo -, a reveladora e preocupante entrevista prestada pelo noveleiro Sílvio de Abreu, autor da bem sucedida "Belíssima" [que chegou ao fim na última sexta-feira, 07/07], nos derradeiros dias do mês que passou, à revista semanal "Veja".
Disse ele, entre outras coisas, que:
"A moral do país está em frangalhos. As pessoas se mostram muito mais interessadas nos personagens negativos que nos moralmente corretos. Uma parcela considerável da população já não valoriza a retidão de caráter. Para elas, o certo é fazer o que for necessário para se realizar na vida". Mais:
"Na novela, Alberto [personagem de caráter duvidoso que atazanou a vida de vários outros personagens da história] fez uma falcatrua para desmanchar o romance do rival. Como sempre acontece na Globo, realizamos uma pesquisa com as espectadoras, para ver como o público estava observando a trama. As donas de casa não viram nada de errado [destaque nosso] na conduta do Alberto. Pelo contrário. Ponderaram que, se ele fez aquilo para conquistar um mulherão, tudo bem".
"O fato de o André [outro personagem de caráter nocivo que se valia da beleza pessoal para levar vantagens na vida] ter dado um golpe do baú na Julia foi visto com naturalidade. Colocamos que o canalha estava roubando e as espectadoras retrucaram: - Deixa disso. Se ele precisava de dinheiro, não havia mal [destaque nosso]".
Deixa claro Abreu que os fatos políticos dos últimos tempos repercutem sensivelmente no comportamento de seus entrevistados. Explica ele:
"Na mesma pesquisa, colhemos indícios claros de que essa maior tolerância com os desvios de conduta tem tudo a ver com os escândalos da política. O simples fato de o presidente Lula dizer que não sabia de nada e que não viu as mazelas trazidas à tona pelas CPIs e pela imprensa, basta. Fingem que acreditam porque acham mais conveniente que fique tudo como está".
"O nível intelectual do brasileiro está abaixo do que era na década de 60 ou 70, porque as escolas são piores e o estudo já não é valorizado como antigamente [destaque nosso, mais uma vez]. O valor não é mais fazer alguma coisa que seja dignificante. As pessoas querem é subir na vida, ganhar dinheiro e dane-se o resto. Não dá para aprofundar nenhum tema, porque o público não consegue acompanhar..."
Não, caríssima leitora, ele não explicou o fundo moral da cena em que a brilhantíssima Fernanda "Bia Falcão" Montenegro aparece em Paris gozando a vida [com o dinheiro que roubou de sua neta] ao lado de jovem vagabundo profissional que - e ela o sabe muito bem - somente lhe faz companhia pela fortuna que tem.
Seria preciso?
Disse ele, entre outras coisas, que:
"A moral do país está em frangalhos. As pessoas se mostram muito mais interessadas nos personagens negativos que nos moralmente corretos. Uma parcela considerável da população já não valoriza a retidão de caráter. Para elas, o certo é fazer o que for necessário para se realizar na vida". Mais:
"Na novela, Alberto [personagem de caráter duvidoso que atazanou a vida de vários outros personagens da história] fez uma falcatrua para desmanchar o romance do rival. Como sempre acontece na Globo, realizamos uma pesquisa com as espectadoras, para ver como o público estava observando a trama. As donas de casa não viram nada de errado [destaque nosso] na conduta do Alberto. Pelo contrário. Ponderaram que, se ele fez aquilo para conquistar um mulherão, tudo bem".
"O fato de o André [outro personagem de caráter nocivo que se valia da beleza pessoal para levar vantagens na vida] ter dado um golpe do baú na Julia foi visto com naturalidade. Colocamos que o canalha estava roubando e as espectadoras retrucaram: - Deixa disso. Se ele precisava de dinheiro, não havia mal [destaque nosso]".
Deixa claro Abreu que os fatos políticos dos últimos tempos repercutem sensivelmente no comportamento de seus entrevistados. Explica ele:
"Na mesma pesquisa, colhemos indícios claros de que essa maior tolerância com os desvios de conduta tem tudo a ver com os escândalos da política. O simples fato de o presidente Lula dizer que não sabia de nada e que não viu as mazelas trazidas à tona pelas CPIs e pela imprensa, basta. Fingem que acreditam porque acham mais conveniente que fique tudo como está".
"O nível intelectual do brasileiro está abaixo do que era na década de 60 ou 70, porque as escolas são piores e o estudo já não é valorizado como antigamente [destaque nosso, mais uma vez]. O valor não é mais fazer alguma coisa que seja dignificante. As pessoas querem é subir na vida, ganhar dinheiro e dane-se o resto. Não dá para aprofundar nenhum tema, porque o público não consegue acompanhar..."
Não, caríssima leitora, ele não explicou o fundo moral da cena em que a brilhantíssima Fernanda "Bia Falcão" Montenegro aparece em Paris gozando a vida [com o dinheiro que roubou de sua neta] ao lado de jovem vagabundo profissional que - e ela o sabe muito bem - somente lhe faz companhia pela fortuna que tem.
Seria preciso?