"Encontro [às 15 horas e 30 minutos, no dia 23 de abril do corrente ano, domingo] com 'alto dirigente do PT'": assim está registrado na agenda do presidente cocalero Evo Morales para assinalar a visita que José Dirceu - ex-ministro Chefe da Casa Civil do presidente Lula da Silva e deputado federal cassado, afastado do governo desde 16 de junho de 2005 e não mais membro da Executiva daquele partido - fez ao presidente boliviano para, ao que se crê, tratar da questão da nacionalização do gás e petróleo do país vizinho. Dirceu manteve encontros, ainda, entre os dias 23 e 24 daquele mês, com seis parlamentares do Podemos - Poder Democrático Social - partido de oposição boliviano.
Está consignado no livro de registros do Aeroporto Internacional de El Alto, La Paz, que o único avião, em vôo privado, procedente do Brasil no dia 23 [de abril, dia da comemoração de São Jorge], foi o jato Cessna Citation 7, com o prefixo PTOVU, procedente do aeroporto de Guarulhos, São Paulo, e que regressou ao país de origem - com escala prevista em Santa Cruz de la Sierra - ás 21 horas e 47 minutos do dia 24; a chegada do referido avião no aeroporto de La Paz deu-se às 12 horas e 38 minutos. Consta que a aeronave utilizada por Dirceu pertence á empresa MMX, de Eike Batista, proprietário da siderúrgica EBX, instalada [parcialmente] na Bolívia e proibida de funcionar pelo governo Morales, dois dias depois da passagem do ex-deputado brasileiro por aquele país.
Deputado do Podemos que participou do encontro com o ex-ministro - que durou cerca de duas horas e foi realizado na casa do suplente de senador Andrés Fermín Heredia Guzmán -, afirmou mais tarde que "[ele, Dirceu]... não veio tratar de negócios, não veio fazer turismo, não veio por motivos particulares. Ele veio tratar de temas bilaterais entre os governos do Brasil e da Bolívia [...] Não sei se usou estas palavras, mas veio definitivamente em nome do governo do Brasil."
Segundo o parlamentar oposicionista Dirceu não fez menção ao encontro com Morales, mas referiu-se ao relacionamento pessoal entre ele [Morales] e Lula e da influência de Hugo Chávez nos negócios da Bolívia. Deixou claro, porém, que a preocupação maior de Dirceu era com a questão da nacionalização dos hidrocarbonetos, muito embora o ex-deputado brasileiro deixasse claro não acreditar que Morales viesse a tomar medidas de maior dureza contra o Brasil face à boa relação pessoal que mantinha com Lula ["O José Dirceu disse acreditar que, sob nenhuma hipótese, haveria medidas contra os interesses do Brasil [...] Mas disse também que, se Evo se porta mal, 'nós vamos embora', assim mesmo, em português.", concluiu o parlamentar do Podemos.]
Fontes chegadas ao Palácio do Planalto, questionadas pela imprensa, negaram que Dirceu estivesse representando nosso governo em sua viagem à Bolívia.
Acredita você, leitor angustiado, quando vê nosso presidente tratando o cocalero a pão-de-ló, que a fonte palaciana seja sincera? Eu, meu amigo, me disponho, pessoalmente, a admitir a versão do Planalto. É-me difícil, muito difícil, acreditar que um dos 40 quadrilheiros denunciados pelo Procurador Geral da República tenha sido designado [por trás dos panos, que seja] para o exercício de funções de tamanha relevância em nome do governo brasileiro. A não ser que a vaca tenha ido, definitivamente, para o brejo. Ou já foi e eu não sabia?
Conclusão da lambança: no dia 1º de maio deste ano, dias depois da viagem de Zé Dirceu àquele país amigo [muy amigo], os hidrocarbonetos da Bolívia foram nacionalizados.
Está consignado no livro de registros do Aeroporto Internacional de El Alto, La Paz, que o único avião, em vôo privado, procedente do Brasil no dia 23 [de abril, dia da comemoração de São Jorge], foi o jato Cessna Citation 7, com o prefixo PTOVU, procedente do aeroporto de Guarulhos, São Paulo, e que regressou ao país de origem - com escala prevista em Santa Cruz de la Sierra - ás 21 horas e 47 minutos do dia 24; a chegada do referido avião no aeroporto de La Paz deu-se às 12 horas e 38 minutos. Consta que a aeronave utilizada por Dirceu pertence á empresa MMX, de Eike Batista, proprietário da siderúrgica EBX, instalada [parcialmente] na Bolívia e proibida de funcionar pelo governo Morales, dois dias depois da passagem do ex-deputado brasileiro por aquele país.
Deputado do Podemos que participou do encontro com o ex-ministro - que durou cerca de duas horas e foi realizado na casa do suplente de senador Andrés Fermín Heredia Guzmán -, afirmou mais tarde que "[ele, Dirceu]... não veio tratar de negócios, não veio fazer turismo, não veio por motivos particulares. Ele veio tratar de temas bilaterais entre os governos do Brasil e da Bolívia [...] Não sei se usou estas palavras, mas veio definitivamente em nome do governo do Brasil."
Segundo o parlamentar oposicionista Dirceu não fez menção ao encontro com Morales, mas referiu-se ao relacionamento pessoal entre ele [Morales] e Lula e da influência de Hugo Chávez nos negócios da Bolívia. Deixou claro, porém, que a preocupação maior de Dirceu era com a questão da nacionalização dos hidrocarbonetos, muito embora o ex-deputado brasileiro deixasse claro não acreditar que Morales viesse a tomar medidas de maior dureza contra o Brasil face à boa relação pessoal que mantinha com Lula ["O José Dirceu disse acreditar que, sob nenhuma hipótese, haveria medidas contra os interesses do Brasil [...] Mas disse também que, se Evo se porta mal, 'nós vamos embora', assim mesmo, em português.", concluiu o parlamentar do Podemos.]
Fontes chegadas ao Palácio do Planalto, questionadas pela imprensa, negaram que Dirceu estivesse representando nosso governo em sua viagem à Bolívia.
Acredita você, leitor angustiado, quando vê nosso presidente tratando o cocalero a pão-de-ló, que a fonte palaciana seja sincera? Eu, meu amigo, me disponho, pessoalmente, a admitir a versão do Planalto. É-me difícil, muito difícil, acreditar que um dos 40 quadrilheiros denunciados pelo Procurador Geral da República tenha sido designado [por trás dos panos, que seja] para o exercício de funções de tamanha relevância em nome do governo brasileiro. A não ser que a vaca tenha ido, definitivamente, para o brejo. Ou já foi e eu não sabia?
Conclusão da lambança: no dia 1º de maio deste ano, dias depois da viagem de Zé Dirceu àquele país amigo [muy amigo], os hidrocarbonetos da Bolívia foram nacionalizados.