quarta-feira, julho 26, 2006

NÃO VOTE EM MEU COMPUTADOR NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES

Foi lá pelos idos de 60 que o inesquecível Lalau - para os íntimos; para os outros, Stanislaw Ponte Petra - batizou a televisão como "máquina de fazer doido".
Não sei bem o motivo concreto que o levou a tal exagero [se exagero foi]. Não havia telenovelas no número que hoje abastecem os canais de TV; os comerciais não eram tantos nem entravam, despudoradamente, como fazem hoje, por nossas portas e janelas; não havia Big Brother [com suas modelos e desamparados da sorte, fatalmente ganhadores da bolada ao final do programa]; não havia Galvão Bueno transmitindo jogos da Copa do Mundo nem corridas de Fórmula-1; não havia bailes punk transmitidos ao vivo; e ninguém ouvira falar em emissoras [com todo o respeito] evangélicas de televisão.
Não teve a obrigação, Lalau, como tantos e tantos hoje em dia [a grande maioria, não temo afirmar], de cumprir seu ofício de escriba das coisas da vida, digitando - em vez de teclar as matérias em sua velha máquina de escrever Royal ou Remington - os maravilhosos computadores que o bi ou trilionário, sei lá!, Bill Gates desenvolveu para infernizar nossas vidas, eles, sim, as verdadeiras "máquinas de fazer doido" criadas no século que passou, e cada vez mais destruidoras de cérebros, mentes e paciências no despontar destes anos malucos em que se mata irmãos, pais, filhos e demais parentes sem qualquer preocupação, constrangimento ou dó.
Pois é, leitora destes anos tecnológicos, odeio os tais dos computadores - tanto ou mais que nosso João [o Ubaldo, sim] - pois que, quando deles mais precisamos, aparecem com aquele defeitozinho que leva os técnicos, aqueles em quem temos a maior confiança, a ficar horas e horas prostrados à sua frente, como a rezar, esperando o momento maravilhoso para que voltem - eles, os computadores -, sozinhos, sem qualquer interferência humana direta [a não ser a das orações, bom dizer], a nos dar a alegria infinita de funcionar por mais um dia, uma semana, um mês, ou um ano inteirinho sem nos dar a mínima aporrinhação [desculpem a palavra quase chula; um coronel amigo de meu pai - medalhista olímpico de tiro - só faltou me dar um cachação quando, garoto, lá por mil novecentos e quarenta e tanto, disse que estava aporrinhado com alguma coisa que nem mais lembro].
Passei os três ou quatro últimos dias, técnico ao lado, esperando que esta minha "máquina de fazer doido" se decidisse a funcionar em sua plenitude e não quando tivesse vontade de fazê-lo, como agora. Não sei, nem ninguém, por quanto tempo estará disponível para uso.

Desculpem-me, portanto, os gatos pingados que me honram com sua leitura se, como alguém notou ontem, nosso blog estiver pobre de notícias: é o bandido do computador que se recusa a fazer o trabalho que lhe cabe cumprir.
Tal e qual os políticos que elegemos e que pretendem continuar em seu ócio remunerado nos próximos anos.