quinta-feira, julho 13, 2006

POUCA COMPETÊNCIA E EXAGERADA VIOLÊNCIA: DOS DOIS LADOS

Ontem - quarta-feira, 12/07/06 - foi a primeira vez, desde 18 do mês de junho passado, que os parentes dos 1400 presos do Anexo de Detenção Provisória de Araraquara puderam entregar-lhes roupas e alimentos. Foram beneficiados com a autorização os 600 homens que, como animais - há dias mostrado pela imprensa [em tomadas aéreas, não há outras condições] -, encontram-se alojados em um pavilhão com capacidade para receber, no máximo, 160 pessoas.
Ao mesmo tempo a Secretaria de Segurança recusava-se a fornecer informações sobre as condições atuais de funcionamento do sistema prisional e que, por medida de segurança, não divulgaria as datas de transferência dos presos de um para outro presídio.

Quero crer, como o presidente da ONG Nova Ordem [ex-policial civil Ivan Raimondi Barbosa] - criada em 2005 pela advogada Iracema Vasciaveo, a mesma que esteve em Presidente Bernardes falando com Marcola, líder do PCC, em maio último, o que resultou, garantem muitos, na suspensão dos ataques contra policiais - estar nas condições em que se encontram aqueles e outros presidiários do sistema prisional do estado, bem como nos maus-tratos dispensado a seus parentes, a principal razão da nova onda de ataques da principal facção criminosa paulista.
Parece pouco convincente para Barbosa a alegação das autoridades de que a atual vaga de violências se relacione com o anúncio da mudança de condenados para o presídio federal de Catanduvas (PR), inaugurado às pressas pelo presidente Lula da Silva.
De fato, Saulo de Castro Abreu Filho, secretário de Segurança Pública de São Paulo disse ontem, a propósito da inauguração da penitenciária naquele outro estado, que Lula se antecipou ao inaugurá-la ["O governo federal correu para pôr a placa"].

Visar alvos civis, estratégia usada nos últimos ataques - diferente da utilizada em maio, de ataques contra agentes do Estado, tida como inadequada - pode ser conseqüência da ineficácia das tentativas de melhorias no sistema prisional e do não cumprimento da Lei de Execuções Penais, alerta o presidente da Nova Ordem, que acentua:
"O preso não quer camarão na moranga, bife à parmegiana, quer só dignidade para ele e sua família [...] Em algumas unidades, a tortura já parou, mas os presos estão sem atendimento médico, recebendo comida como porcos [...] Isso [torturas, em Ribeirão Preto e Mogi das Cruzes, por exemplo] continua, desde o término das rebeliões até hoje. É o que está desencadeando os ataques..."

De acordo que há necessidade de mudar muita coisa na segurança pública; só não se pode é dar o direito a alguém de sair matando gente, destruindo supermercados, lojas e bancos e incendiando ônibus. Assim, pacato leitor, já é abuso em demasia.

Em tempo: o Poder Judiciário investiga a ONG dirigida pelo ex-policial Barbosa por entendê-la conivente com as ações tomadas pelo PCC. Será este o melhor caminho ou há outras prioridades?