domingo, agosto 13, 2006

MAIS OU MENOS VOLTANDO PARA CUMPRIMENTÁ-LO, ASSINANTE, NESTE "DIA DOS PAIS"

Caríssimo assinante
Minha última mensagem [Parada: Manutenção] alertava para os serviços que seriam prestados visando ao aprontamento desta "máquina de fazer malucos" que sofria, diariamente [e várias vezes], ataques de vírus cuja origem não chegou a ser de meu conhecimento.
Pois bem: o técnico levou, praticamente, um dia inteirinho em minha casa; e eu perco dois ou três para colocar em dia todas as informações que se encontravam armazenadas no computador [por maiores que tenham sido as providências tomadas por mim para evitar o fato].
Em síntese: continuo atualizando minha máquina e, quem sabe?, segunda-feira próxima possa voltar ao trabalho.
Aproveito a oportunidade para desejar aos assinantes pais um feliz Dia dos Pais; que tenham bem usado suas poupanças para que filhos e netoscomprem os mimos de sempre.
Não posso é perder a oportunidade de transcrever matéria de Guilherme Fiúza, publicada onte, 12/06/ sábado, no site NoMinimo [blog Política & Cia.]. Leiam-na, abaixo, se lhe agradar.


"A cigarra e a formiga

Heloísa Helena é um sucesso. Chamou Fátima Bernardes de "danadinha", William Bonner de "meu amor" e conquistou os brasileiros.
Foi quase unânime a avaliação, até entre os cientistas políticos mais ponderados, de que a senadora alagoana "deu um show" no "Jornal Nacional". A candidata do PSOL à presidência respondia só o que lhe dava na telha, interrompia e falava por cima de seus entrevistadores. Brasileiro adora isso.
Esse negócio de protocolo, de regras rígidas, realmente é muito chato. Política é paixão, receitam os entendidos. Daqui a pouco a classe artística está toda com HH, é questão de tempo. Espirituosa! Despojada! Abusada! Sensível! Gente como a gente! Mulher! O furacão de jeans, camiseta branca e rabo de cavalo veio para mudar tudo isso que aí está.
As vozes esclarecidas que aclamaram o show de Heloísa Helena foram as mesmas que decretaram o desastre de Geraldo Alckmin. No mesmo "Jornal Nacional", o candidato do PSDB cometeu erros imperdoáveis: respondeu exatamente o que lhe foi perguntado, não fingiu que conhecia dados que não conhecia, perdeu a chance de fazer comício para a câmera, dirigindo-se sempre aos seus entrevistadores e só falando quando a palavra lhe era dada.
O Brasil não pode dar certo na mão de um almofadinha desses.
Alckmin é um chato. Deveria tomar lições de vibração humana e exuberância com Heloísa Helena. O ex-governador de São Paulo passou 12 anos enfiado na administração pública, obcecado por pregões eletrônicos, soluções tributárias, metas fiscais. Seu hábito preferido é governar.
Mas o brasileiro não é trouxa. Quer votar em alguém com carisma para animar uma roda de conversa, com sangue nas veias para não deixar o William Bonner falar, alguém capaz de sustentar um bom papo no chope do fim do expediente.
Quatro bilhões, quatrocentos e oitenta e seis milhões, quatrocentos e vinte e um mil, quinhentos e três reais e setenta e nove centavos. Se Alckmin fosse um cara esperto, sairia recitando esse número por aí, por extenso, com todos os pontos e vírgulas.
A cifra equivale à economia de dinheiro público conseguida por ele em São Paulo, com programas como Bolsa Eletrônica, Pregão e Poupa Tempo. É o resultado da tal "gestão" que ele propõe para o governo federal, mas que, cá entre nós, não tem metade da graça de ouvir Heloísa Helena chamando Fátima Bernardes de danadinha. O brasileiro sabe escolher.
Os analistas também exultaram quando a candidata do PSOL respondeu no "JN" sobre o programa de seu partido. Os entrevistadores foram até tímidos nos questionamentos. Se limitaram a perguntar sobre o projeto de expropriar grandes fazendas, produtivas ou não (quando o partido fala também em confiscar bancos e grandes empresas).
William e Fátima nem teriam tempo para mergulhar no programa do PSOL como este espaço já mergulhou, mostrando os planos de calote da dívida externa (agora que ela está resolvida) e "anulação" da dívida interna (dívida é problema de credor, não de devedor), redução dos juros na marra, fim do superávit primário (essa mania neoliberal de responsabilidade fiscal) e outros itens revolucionários.
O casal de jornalistas da Globo perguntou apenas à senadora alagoana se ela pretendia cumprir o que o programa de seu partido previa no caso da tomada das fazendas. HH, que é danadinha e não é boba como seu concorrente tucano, negou tudo que pudesse comprometê-la no horário nobre, ignorou o programa do seu partido e disse que sua fidelidade será à Constituição federal. Genial, vibrou a audiência esclarecida. Essa alagoana é mesmo arretada.
Como se vê, a capacidade de discernimento do eleitorado brasileiro, sobretudo a parte culta e bem informada, nunca esteve tão afiada. A opinião pública odeia a rotina, e morre de medo que aquele paulista tarado por administração transforme o Brasil numa gigantesca planilha excel. Deus nos livre e guarde.
Muito melhor apostar no novo socialismo moreno de Heloísa Helena. Ninguém tem a menor idéia do que será isso, mas é certo que, de tédio, os brasileiros não morrerão mais."