quarta-feira, agosto 16, 2006

QUAL O PAPEL DE LOLLO NO PSOL E NA EQUIPE DA CANDIDATA HELOISA HELENA?

Assim começa o artigo - "Qual Partido Queremos? Quais os fundamentos teóricos? Qual a estratégia?" - assinado por Achille Lollo no órgão oficial do PSoL em São Paulo:

"Seria mais fácil dedicar este editorial aos tropeços do lulismo no seu terceiro ano de governo, onde não cabem mais esperanças no que diz respeito a uma possível mudança em seu eixo político ou na recomposição do PT na base dos velhos programas.
Aquele Partido dos Trabalhadores que falava em ética, democracia e socialismo faz parte de uma história que os lulistas se encarregaram de destruir e de enterrar. E os coveiros se chamam Lula da Silva, Dirceu e Genoino..."

Trata-se do mesmo Lollo de quem falamos ontem na postagem "Com a faca nos dentes ou com o ramalhete nas mãos?" Aquele mesmo Lollo, condenado por assassinato na Itália, e que transita como figura que ninguém sabe e que ninguém vê na equipe ideológica da candidata Heloisa Helena
Atentem, caríssimos assinantes, para os seguintes trechos que extraímos do relambório deste ideólogo do PSoL [longo demais, aliás, para ser transcrito em sua totalidade]:

"...É um debate que deve, obrigatoriamente, chegar até os dirigentes e as bases do MST, do MSLT, do MTL, do MAB, da CUT, da UNE e trazê-los para o terreno da dialética. Pois não é possível que segmentos poderosos de um movimento popular amplo como o brasileiro devam viver a reboque deste ou de outro dirigente, para que o silêncio e a inatividade de seus lutadores seja recompensada com as migalhas do poder.
Chega! Vamos recolocar a política no seu devido lugar enquanto os politiqueiros ficam contando as cestas básicas da esmola governamental após a última marcha de protesto..."

"...O movimento deve entender - e esta talvez seja a principal tarefa do PSOL, de suas lideranças e militantes - que a candidatura de Heloisa Helena é uma forma para viabilizar nas bases populares o conceito de ruptura política [grifo nosso], a partir do qual começa-se a construir junto das massas um efetivo movimento de ruptura [idem] que, a nível nacional, passa pela reconquista da própria autonomia política..."

"...Erro grave foi a complacência da esquerda petista em aceitar sobreviver nos guetos partidários alimentando uma estéril luta interna enquanto os 'dirigentes' se masturbavam intelectualmente com o mito do 'operário-líder' - sempre, na realidade, a passar a faca no pescoço da esquerda..."

"...A ruptura com a cultura política petista - que foi também a cultura de muitos 'revolucionários' que idolatravam o operário Lula (Walter Pomar, líder de Articulação de Esquerda, Nelson Pellegrino, ex-estrela parlamentar da então Força Socialista, Joaquim Soriano e Raul Pont, líderes de Democracia Socialista, Sokol, dirigente hiper-trotskista de O Trabalho, mas também João Pedro Stédile do MST e todo o Comitê Central do PCdoB) - é hoje muito mais que necessária..."

"...Nunca haverá ruptura de um modelo político e econômico capitalista [idem] sem uma efetiva retomada das lutas de classes e sem a retomada das lutas pela autonomia da classe operária..."

"...Infelizmente, na história da esquerda mundial os majoritários se tornam quase sempre totalitários, e por isso recorreram ao gueto político para enterrar fisicamente a dissidência e a inteligência da esquerda revolucionária, além de lhes retirar a capacidade de formular teoria política..."

"...Caso contrário estaremos (inconsciente e indiretamente ) fazendo o que Dirceu, Lula & Cia fizeram: verticalizaram aos poucos o PT. É sempre muito bom lembrar como Lula, Dirceu e Delúbio intervieram no Rio de Janeiro contra Vladimir Palmeira para eleger Garotinho e Benedita.
Faz bem não esquecer como tais práticas desagregaram o PT no Rio, cuja militância, aos poucos, foi se transformando em mera massa de manobra, paga e transportada em vans para votar nos ditos 'capa pretas' nas convenções ou congresso estaduais e municipais..."

"...Se alguém afirma que os três minutos de propaganda eleitoral do TSE com a imagem e a fala de Heloisa Helena são suficientes para construir um partido e orientar o movimento popular está simplesmente sonhando. Pois, desta forma o PSOL não vai construir nada de diferente do que a esquerda petista cooptada e guetizada já tentou fazer, para depois ficar obrigada a cavalgar a hiena ridens do parlamentarismo da democracia burguesa..."

"...Aliás, a própria análise sobre a evolução da luta política no continente sul-americano foi, novamente, reduzida a poucos elementos conjunturais, enfatizando, apenas, imagens visuais como as propostas de Chávez para '...a criação de uma televisão latino-americana, uma empresa de petróleo comum e um banco continental...'"

"...Hoje, uma campanha eleitoral é, antes de tudo, um elemento midiático que concorre com tantos outros e não apenas com seus conteúdos políticos. Ele concorre com a qualidade da tecnologia utilizada (a chamada penetração da mensagem visual) e, portanto, mede sua eficácia com a capacidade de arrecadar fundos para comprar estes serviços.
Daí a necessidade de se garantir um caixa dois (bicheiros, bancos, multinacionais). Somas financeiras que dificilmente podem ser alcançadas com as campanhas de arrecadação populares!..."

"...Parece que somente os comportamentos de Lula e do New-PT Lulista estão no centro de toda a fenomenologia política brasileira, enquanto estes comportamentos são apenas um complemento da gestão do regime de dependência externa em relação aos Estados Unidos, que o lulismo, hoje, representa e defende com espírito canino, na expectativa de consolidar uma certa margem de autonomia na política interna e, conseqüentemente, impor seu projeto de poder passando por uma segura e popular reeleição..."

"...É muito importante relembrar que uma das armas da mídia é a manipulação e a deformação dos inimigos do poder, tornando-os perigosos baderneiros (ou até aspirantes a terroristas) ou apresentado-os como indivíduos exaltados ou fisicamente ridículos.
Por exemplo: para ofuscar o sucesso da manifestação de 25 de novembro de 2004 e dizer ao Brasil e ao mundo inteiro que nada tinha acontecido, a Globo, a Folha SP, Veja e a própria Agência Carta Maior centraram seus holofotes nas supostas provocações de punks e na 'guerra das águas' que alguns estudantes resolveram empreender com os seguranças do Planalto.
Os conteúdos da manifestação, as características da mobilização, a fala das lideranças, a participação, tudo foi ocultado, silenciado e arquivado. Aliás, nas poucas vezes em que a TV veicula a imagem da senadora Heloisa Helena, o faz sempre forçando o quadro, apresentando a líder do PSOL como uma 'mulher nervosa a beira de um ataque de nervos'..."

"...Está na hora de enfrentar a terrível verdade de saber se o povo está disposto a dizer 'Fora Lula' ou se prefere mais quatro anos de empulhações e retórica do paternalismo lulista. Estes são, de fato, os elementos políticos e teóricos novos que o partido deve enfrentar..."

Conheça o texto integral da matéria escrita pelo ex-fugitivo da polícia italiana [o governo brasileiro não autorizou sua extradição para país de origem], se for de seu agrado, clicando
aqui.