terça-feira, setembro 12, 2006

ACHO QUE ESSA HISTÓRIA DAS REVISTAS E CARTILHAS ESTÁ MUITO POUCO CLARA. VOCÊ PENSA COMO EU, PREOCUPADA LEITORA ?

Desculpem, caríssimos assinantes, por haver acreditado no que foi dito por Luiz Justiniano de Arantes Fernandes, advogado do ex-ministro da Secom, Luiz Gushiken: "Tal decisão [entrega do material contratado encaminhado diretamente pelas agências de publicidade aos diretórios do PT] permitiu a mais ampla distribuição do material gráfico. O destino final das revistas e dos encartes era e sempre foi a população, e a esse destino eles chegaram, por intermédio desse canal de distribuição em que se constituiu o Partido dos Trabalhadores." Ressalte-se que os encartes e revistas contratados enalteciam o governo atual e faziam duras críticas ao anterior.

Disse aquele senhor - o que foi coonestado por autoridades do PT - que o material fora encaminhado aos Diretórios Municipais do partido objetivando, a um só tempo, agilizar a tarefa de distribuição do material [face à maior capacidadede operacional daquelas agências] e poupar despesas do Estado [pelo fato de ficarem por conta do PT as despesas de transferência].

Foi aí, leitoras e leitores, que nós - os bobalhões da República, como ontem nos defini [para o mal estar de alguns e com minhas desculpas pelo peso da avaliação], os que não participaram da operação - constatamos o quanto somos mal informados. Pois não é que diversos diretórios, certamente para tirar da reta a responsabilidade que lhes imputaram [ou coisa pior que possa vir a acontecer], ontem mesmo começaram a colocar a questão em outros termos?

Alguns afirmam nada haver recebido: é o caso dos diretórios de Florianópolis, Fortaleza, Salvador, Manaus, Curitiba, Belo Horizonte e Teresina. Em outros, como o de Vitória, nas palavras de seu presidente, Kleber Fizzera, "O que chega é material de campanha do Lula; do governo, nunca veio nada, não." Já o presidente do diretório de São Paulo, Paulo Fiorillo, confirma haver recebido, mas não pode informar a quantidade do material que lhe foi passado.
Daniel Lopes, responsável pela correspondência no diretório do PT no Maranhão, afirma que lhe falta estrutura para fazer a distribuição dos folhetos que recebeu.

Cerca de 15 exemplares, "apenas para consumo interno", foram entregues ao diretório do Rio Grande do Sul, atendendo a seu pedido. Em Santa Catarina, o diretório informou que havia algumas cartilhas na sede, mas trazidas por lideranças catarinenses que visitaram Brasília e que levaram para seu diretório algumas cartilhas, mas nada na quantidade que seria de se esperar.
Mariano Cabreira, responsável pelo diretório de Mato Grosso do Sul, afirmou que nada recebeu. Completou: "Se tivessem me mandado, teria distribuído."

Ricardo Berzoini, aquele ministro que não gostava dos velhinhos aposentados, hoje presidente do PT, informa, por meio da assessoria do partido, que caberá ao Planalto fornecer informações sobre a quantidade de cartilhas distribuídas ao PT.
Não pode negar, entretanto, suas declarações nas emissoras de rádio e televisão, afirmando que o PT fizera [distribuindo as cartilhas] um favor ao país.

Tarso Genro - ministro de Relações Institucionais - informa que, confirmada a responsabilidade de algum membro do governo na questão, este será severamente punido. Pergunto a S.Excia.: antes ou depois das eleições; ou será da mesma forma que os amigos Zé Dirceu e Genoíno?

Disse - e, ontem, publicamos - José Antonio Dias Toffoli, advogado da Matisse [uma das agências de publicidade, de um amigo, aliás, do presidente Lula, contratadas pela SECOM para fazer o trabalho] e assessor jurídico da Presidência da República, até julho de 2005, que, "desde que fique provado que os partidos são mais eficazes na distribuição de material e que o custo foi menor para o Estado", então a controvérsia é irrelevante.

Não me parece - e, também, ao TCU - que a controvérsia seja tão irrelevante assim. Que pensa você, correta e desorientada leitora?