Vangloriou-se amigo meu - baiano, eleitor de Lula da Silva e admirador de Gil [o compositor, cantor e ministro] - de como anda bem nossa cultura, a partir das informações levantadas nas pesquisas sobre as atividades culturais do povo brasileiro, ontem divulgadas pelo IBGE.
Pois não é - e isso ninguém ousaria nem pensar antes de iniciar-se o atual governo - que as famílias brasileiras gastam cerca de 8,0% de tudo que ganham com produtos e serviços culturais, ou seja, R$ 115,50 - dado corrigido pelo IPCA já que a pesquisa teve como referência o ano de 2003 - em média, mensalmente?
E sabe você, caríssima leitora, qual foi o universo de despesas com cultura considerado na pesquisa? Digo-o a seguir, sabedor que não é de seu conhecimento e da forma mais simplificada possível para não tomar seu tempo com as digressões mal-humoradas deste velho que está quase a alcançar a barreira dos setenta: despesas com decoração, reprodução de materiais gravados, cinema, teatro e shows, discoteca, festas, aniversários e casamentos, cursos, aquisição de eletrodomésticos [serviços de TV por assinatura e internet] e telefonia.
Estranho para mim; mas foi assim mesmo que fizeram a classificação.
Destaco, amiga, para seu esclarecimento, alguns detalhes que considero relevantes:
- excluídas as despesas com telefonia - fixa e celular, esta, nas classes menos favorecidas, hoje, efetivo e indispensável instrumento de trabalho - a média mensal de gastos com cultura despenca para R$ 64,53, quase metade da totalidade dos dispêndios no período;
- a atividade classificada como aquisição de eletrodomésticos, no ranking dos gastos mensais deste sofrido e maravilhoso povo brasileiro, está bem acima dos gastos com cinema, teatro e shows, boates, festas e aniversários;
- a mesma atividade [descobriram os competentes pesquisadores] apresenta participação mais alta nos gastos do brasileiro na medida em que mais baixas se revelam suas classes de rendimento [perto de 33% de tudo que as famílias com renda até R$ 400,00 ganham e pouco menos de 12% daquelas com rendimento superior a R$ 3.000,00 mensais].
Não sei se o relatório divulgado pelo IBGE lembra duas evidências que os estudantes de Economia, em seus primeiros anos de estudo, aprendem: as tais das PMP e PMC [atenção, não representam siglas de partidos de aluguel de algum Vice-Presidente], respectivamente, Propensão Marginal a Poupar e Propensão Marginal a Consumir.
Procure saber o leitor o significado de tais siglas - que, a meu ver, pelas próprias designações se explicam - e, levando-as em conta, não tenho a menor dúvida de que os pesquisadores ibegeanos certamente entenderão que os dispêndios em cultura nesta terra abençoada por Deus só terão significado a partir do momento em que não houver necessidade de S.Excia. Da Silva vangloriar-se tanto, pela não ocorrência, do número de brasileiros atendidos pelo Bolsa-Família.
Pois não é - e isso ninguém ousaria nem pensar antes de iniciar-se o atual governo - que as famílias brasileiras gastam cerca de 8,0% de tudo que ganham com produtos e serviços culturais, ou seja, R$ 115,50 - dado corrigido pelo IPCA já que a pesquisa teve como referência o ano de 2003 - em média, mensalmente?
E sabe você, caríssima leitora, qual foi o universo de despesas com cultura considerado na pesquisa? Digo-o a seguir, sabedor que não é de seu conhecimento e da forma mais simplificada possível para não tomar seu tempo com as digressões mal-humoradas deste velho que está quase a alcançar a barreira dos setenta: despesas com decoração, reprodução de materiais gravados, cinema, teatro e shows, discoteca, festas, aniversários e casamentos, cursos, aquisição de eletrodomésticos [serviços de TV por assinatura e internet] e telefonia.
Estranho para mim; mas foi assim mesmo que fizeram a classificação.
Destaco, amiga, para seu esclarecimento, alguns detalhes que considero relevantes:
- excluídas as despesas com telefonia - fixa e celular, esta, nas classes menos favorecidas, hoje, efetivo e indispensável instrumento de trabalho - a média mensal de gastos com cultura despenca para R$ 64,53, quase metade da totalidade dos dispêndios no período;
- a atividade classificada como aquisição de eletrodomésticos, no ranking dos gastos mensais deste sofrido e maravilhoso povo brasileiro, está bem acima dos gastos com cinema, teatro e shows, boates, festas e aniversários;
- a mesma atividade [descobriram os competentes pesquisadores] apresenta participação mais alta nos gastos do brasileiro na medida em que mais baixas se revelam suas classes de rendimento [perto de 33% de tudo que as famílias com renda até R$ 400,00 ganham e pouco menos de 12% daquelas com rendimento superior a R$ 3.000,00 mensais].
Não sei se o relatório divulgado pelo IBGE lembra duas evidências que os estudantes de Economia, em seus primeiros anos de estudo, aprendem: as tais das PMP e PMC [atenção, não representam siglas de partidos de aluguel de algum Vice-Presidente], respectivamente, Propensão Marginal a Poupar e Propensão Marginal a Consumir.
Procure saber o leitor o significado de tais siglas - que, a meu ver, pelas próprias designações se explicam - e, levando-as em conta, não tenho a menor dúvida de que os pesquisadores ibegeanos certamente entenderão que os dispêndios em cultura nesta terra abençoada por Deus só terão significado a partir do momento em que não houver necessidade de S.Excia. Da Silva vangloriar-se tanto, pela não ocorrência, do número de brasileiros atendidos pelo Bolsa-Família.
Conclusão, com todo respeito ao compositor das brilhantes Lunik 9 e Procissão: vai levar muito tempo ainda para que o IBGE consiga mostrar resultados que nos revelem um país em posição digna de respeito na área cultural.