segunda-feira, novembro 27, 2006

VAI TER PODER DE SÍNTESE ASSIM, SENHORA, LÁ NA CHINA. OU SERÁ NO JAPÃO?

Seis ou sete mortes sem esclarecimento satisfatório; transmigração [era assim que em meu tempo de estudante do primário - ou teria sido do ginásio? - se tratava da fuga desesperada, por exemplo, da nobreza portuguesa para o Brasil] de diversos membros da família da vítima para outros países fugindo de pessoas que ameaçavam suas vidas; suicídio suspeitíssimo de um perito, de alta qualificação, que investigava a questão e sobre ela emitira laudo que contrariava o desejo das autoridades responsáveis; tudo isso e muito mais reduziu-se a pouco mais de 50 páginas no relatório feito pela delegada Elisabeth Sato sobre a morte de Celso Daniel.

Importante esclarecer, para os que não souberem [e acredito que, se os houver, sejam muito poucos dos quase 60 milhões de eleitores de Lula da Silva, presidente eleito deste país para o exercício de segundo mandato a iniciar-se em janeiro próximo], que Celso Daniel foi prefeito de Santo André, em plena Grande São Paulo, figura de destaque nos quadros do Partido dos Trabalhadores e que - não fora o bárbaro crime de que foi vítima - teria sido o coordenador da campanha do candidato Lula [missão que, face sua morte, passou a ser executada por um senhor que veio a ser ministro da Fazenda e, hoje, é deputado federal eleito por São Paulo, ainda não diplomado] para a Presidência da República nas eleições realizadas em 2002.

Seus irmãos - do de cujus - não cansaram de acusar políticos e outras pessoas ligadas ao PT como, no mímino, autores intelectuais [ou seja, mandantes] do crime. Outros cidadãos prestaram testemunho coonestando a posição da família. Nunca houve, no universo de registros policiais deste país, crime que apresentasse tantas testemunhas e elementos de prova para seu deslindamento.

Pois, bem: a senhora delegada Sato, com poder de síntese incomparável, após um ano de investigações, como nunca se vira antes neste Brasil, conseguiu, para ser bem exato, em 55 páginas, relatar o fato delituoso - seus objetivos, participantes, testemunhas, depoimentos, contradições e coisa e loisa - e concluir, descartando a hipótese de crime político, por seu arquivamento. E pasme, analfabetizado [como eu] leitor, sobrestar seu andamento.

Por sorte, ou por azar, não segui a carreira jurídica; muito menos sou entendido em intrincadas e misteriosas questões policiais [algumas leituras de Agatha Christie, no máximo]. Daí não palpitar a respeito. Que falem os entendidos.