Calcanhar machucado, curtindo elegantemente uma cadeira de rodas, ficou sem sentido o senhor Da Silva convidar os participantes da Cúpula África-América do Sul - sobretudo os 12 de nosso continente que a ela compareceram, ele incluído - para uma peladinha lá em Abuja, Nigéria, local escolhido para a realização do evento.
Desencantado, viu S.Excia o possível time de representantes do nosso continente desfalcado de nomes importantes - que nem se dignaram a comparecer à arena da possível, e provável, disputa, estivesse ele com saúde - tais como: Nestor Kirchner, da Argentina; Michelle Bachelet, que representaria o Chile; do Uruguai, Tabaré Vázquez; e, por força até das eleições que se realizam domingo próximo em seu país, o combatente perpétuo Hugo Chávez, da Venezuela.
É do conhecimento público que o "muy amigo" Kirchner não é, nem nunca foi, chegado ao violento esporte bretão ou a qualquer outro; sabe-se, também, que o incomodam encontros esportivos, sociais e políticos - sobretudo estes - que, e já o fez por muitas vezes, se obrigado comparecer, abandona sem mais nem menos.
Não se pode dizer o mesmo da competente Bachelet que, por estar em tratativas com equipe norte-americana [fala-se, está nos jornais, que outras equipes do Pacífico têm por ela profundo interesse] deixou de comparecer para evitar más interpretações.
De Tabaré Vázquez desconfia-se que possíveis divergências que teria com representantes de outros países do continente poderiam tê-lo levado a não garantir presença - quem sabe? - no encontro na Nigéria.
Chávez, por sua vez, como acima lembramos, preocupa-se, e com razão [será?], muito mais com sua reeleição que comparecer ao encontro com os líderes dos continentes sul-americano e africano.
Com a presença de menos da metade dos chefes de Estado da África, a revelar alguma importância apenas uns poucos - Muamar Kadafi, mais por seu exotismo no vestir e no comportar-se que por suas qualidades como dirigente; Abdelaziz Bouteflika [já ouviu a letrada leitora dele falar?], da Argélia; e, da África do Sul, Thabo Mbeki [não é nenhum Nelson Mandela na vida, mas vá lá...] - teria mesmo muito pouco sentido S.Excia. promover fato unusual e marcante no encontro [uma peladinha, talvez] para mostrar seu brilho no contexto das nações participantes.
Não poderia haver mais fortes motivos que esses para levar Lula da Silva a cancelar o convite para a pelada que, possivelmente, tinha em sua cabeça levar a cabo em terras nigerianas.
Mas não deu; uma pena. Que se há, pois, de fazer?
Perguntará o atento leitor o que restou da cúpula de Abuja tantas ausências registradas, de um continente e de outro. Seria, talvez, injusto afirmar que nada sobrou de útil do encontro. Selecionei, portanto, o que de mais importante foi feito pelo senhor Da Silva - e o que de melhor se destaca em sua biografia, até hoje - nesta sexta incursão por terras africanas: palavras, palavras, palavras.
"Se quisermos outra globalização, menos desigual e solidária, precisamos de parcerias estratégicas que unam os países em desenvolvimento" [criticando, sutilmente, oposição e imprensa brasileiras e presidentes da América do Sul, pela indiferença com que parecem tratar nossa política de aproximação com o continente africano e o mundo árabe]
"O Conselho de Segurança [da ONU] reflete uma ordem mundial que não existe mais ... Sua ampliação, com novos assentos, permanentes ou não, é a chave para torná-lo mais legítimo e democrático" [referindo-se à pretensão brasileira de ocupar espaço maior na ONU e na OMC]
"É normal que se tenha uma política justa e os países tenham direito a recursos de seu solo"[justificando a decisão do 'cocalero-presidente' Evo Morales de expulsar fazendeiros brasileiros de terras bolivianas e de exigir novos contratos com a Petrobras]
"Às vezes nem é compreendida uma visita de um presidente à Líbia, mas, quando a Inglaterra visita, as pessoas acham o máximo ... Todo mundo sabe que a Líbia está em processo de democratização" [sobre as críticas feitas pela imprensa quando de sua primeira visita à terra de Kadafi]
E, para finalizar, S.Excia., assumindo a postura de líder de um novo mundo que se aproxima, levantou-se da cadeira de rodas posta à sua disposição e sapecou as críticas - que já viraram praxe - aos companheiros governantes não muito chegados a encontros da natureza deste que acabou de se realizar em Abuja:
"Sei que muitas vezes as pessoas dizem que a reunião não aprovou nada e não decidiu grandes coisas para resolver os problemas de cada país ... Mas quem faz política sabe que só o fato de reunirmos aqui figuras importantes demonstra que o século 21 será muito melhor."
Nadinha de pelada entre os presidentes e outras autoridades. Foi uma pena.
Desencantado, viu S.Excia o possível time de representantes do nosso continente desfalcado de nomes importantes - que nem se dignaram a comparecer à arena da possível, e provável, disputa, estivesse ele com saúde - tais como: Nestor Kirchner, da Argentina; Michelle Bachelet, que representaria o Chile; do Uruguai, Tabaré Vázquez; e, por força até das eleições que se realizam domingo próximo em seu país, o combatente perpétuo Hugo Chávez, da Venezuela.
É do conhecimento público que o "muy amigo" Kirchner não é, nem nunca foi, chegado ao violento esporte bretão ou a qualquer outro; sabe-se, também, que o incomodam encontros esportivos, sociais e políticos - sobretudo estes - que, e já o fez por muitas vezes, se obrigado comparecer, abandona sem mais nem menos.
Não se pode dizer o mesmo da competente Bachelet que, por estar em tratativas com equipe norte-americana [fala-se, está nos jornais, que outras equipes do Pacífico têm por ela profundo interesse] deixou de comparecer para evitar más interpretações.
De Tabaré Vázquez desconfia-se que possíveis divergências que teria com representantes de outros países do continente poderiam tê-lo levado a não garantir presença - quem sabe? - no encontro na Nigéria.
Chávez, por sua vez, como acima lembramos, preocupa-se, e com razão [será?], muito mais com sua reeleição que comparecer ao encontro com os líderes dos continentes sul-americano e africano.
Com a presença de menos da metade dos chefes de Estado da África, a revelar alguma importância apenas uns poucos - Muamar Kadafi, mais por seu exotismo no vestir e no comportar-se que por suas qualidades como dirigente; Abdelaziz Bouteflika [já ouviu a letrada leitora dele falar?], da Argélia; e, da África do Sul, Thabo Mbeki [não é nenhum Nelson Mandela na vida, mas vá lá...] - teria mesmo muito pouco sentido S.Excia. promover fato unusual e marcante no encontro [uma peladinha, talvez] para mostrar seu brilho no contexto das nações participantes.
Não poderia haver mais fortes motivos que esses para levar Lula da Silva a cancelar o convite para a pelada que, possivelmente, tinha em sua cabeça levar a cabo em terras nigerianas.
Mas não deu; uma pena. Que se há, pois, de fazer?
Perguntará o atento leitor o que restou da cúpula de Abuja tantas ausências registradas, de um continente e de outro. Seria, talvez, injusto afirmar que nada sobrou de útil do encontro. Selecionei, portanto, o que de mais importante foi feito pelo senhor Da Silva - e o que de melhor se destaca em sua biografia, até hoje - nesta sexta incursão por terras africanas: palavras, palavras, palavras.
"Se quisermos outra globalização, menos desigual e solidária, precisamos de parcerias estratégicas que unam os países em desenvolvimento" [criticando, sutilmente, oposição e imprensa brasileiras e presidentes da América do Sul, pela indiferença com que parecem tratar nossa política de aproximação com o continente africano e o mundo árabe]
"O Conselho de Segurança [da ONU] reflete uma ordem mundial que não existe mais ... Sua ampliação, com novos assentos, permanentes ou não, é a chave para torná-lo mais legítimo e democrático" [referindo-se à pretensão brasileira de ocupar espaço maior na ONU e na OMC]
"É normal que se tenha uma política justa e os países tenham direito a recursos de seu solo"[justificando a decisão do 'cocalero-presidente' Evo Morales de expulsar fazendeiros brasileiros de terras bolivianas e de exigir novos contratos com a Petrobras]
"Às vezes nem é compreendida uma visita de um presidente à Líbia, mas, quando a Inglaterra visita, as pessoas acham o máximo ... Todo mundo sabe que a Líbia está em processo de democratização" [sobre as críticas feitas pela imprensa quando de sua primeira visita à terra de Kadafi]
E, para finalizar, S.Excia., assumindo a postura de líder de um novo mundo que se aproxima, levantou-se da cadeira de rodas posta à sua disposição e sapecou as críticas - que já viraram praxe - aos companheiros governantes não muito chegados a encontros da natureza deste que acabou de se realizar em Abuja:
"Sei que muitas vezes as pessoas dizem que a reunião não aprovou nada e não decidiu grandes coisas para resolver os problemas de cada país ... Mas quem faz política sabe que só o fato de reunirmos aqui figuras importantes demonstra que o século 21 será muito melhor."
Nadinha de pelada entre os presidentes e outras autoridades. Foi uma pena.