Guardo o hábito de pesquisar - adquirido nos tempos de garoto e que trago até hoje - qual melhor se adapta, dentre as fábulas do sempre novo Esopo da Antiga Grécia, às situações inusitadas [ou prosáicas] com que nos defrontamos no dia-a-dia.
E, já que estamos vivendo a infeliz Era Honduras [ou qualquer outra coisa ruim, de escolha da amiga], vasculho as histórias do velho escravo procurando identificar qual delas melhor adaptada está à realidade desta vida malvada que somos obrigados a suportar.
Escolhi a que se segue, d'O Lobo e do Cavalo, certo, porém, que a leitora amiga, se disposta a usar seu tempo vago nestes momentos de desemprego negado pelas autoridades, outras encontrará que melhor reflitam os tempos que vivemos.
Vivia um jejum que já passava dos vinte dias o espertíssimo Lobo; foi quando viu na campina - distraído, feliz e... dono de uma força descomunal - o luzidio Cavalo que fazia sua segunda [ou terceira] refeição do dia.
Tanta era a fome do Lobo que a diferença de tamanho e força entre ele e o Cavalo - com vantagem absoluta para este - não impediram que arquitetasse em sua mente, com a rapidez própria dos esfaimados em desespero, astuciosa ação que lhe permitisse devorar o animal de maior porte.
Daí... dizendo-se médico e estudante de botânica, propôs-se a mostrar e detalhar as propriedades das ervas que poderiam fazer bem ou mal àqueles que delas fizessem uso.
Com aparência de quem padecia de algum incômodo grave, respondeu-lhe o Cavalo:
E, já que estamos vivendo a infeliz Era Honduras [ou qualquer outra coisa ruim, de escolha da amiga], vasculho as histórias do velho escravo procurando identificar qual delas melhor adaptada está à realidade desta vida malvada que somos obrigados a suportar.
Escolhi a que se segue, d'O Lobo e do Cavalo, certo, porém, que a leitora amiga, se disposta a usar seu tempo vago nestes momentos de desemprego negado pelas autoridades, outras encontrará que melhor reflitam os tempos que vivemos.
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Vivia um jejum que já passava dos vinte dias o espertíssimo Lobo; foi quando viu na campina - distraído, feliz e... dono de uma força descomunal - o luzidio Cavalo que fazia sua segunda [ou terceira] refeição do dia.
Tanta era a fome do Lobo que a diferença de tamanho e força entre ele e o Cavalo - com vantagem absoluta para este - não impediram que arquitetasse em sua mente, com a rapidez própria dos esfaimados em desespero, astuciosa ação que lhe permitisse devorar o animal de maior porte.
Daí... dizendo-se médico e estudante de botânica, propôs-se a mostrar e detalhar as propriedades das ervas que poderiam fazer bem ou mal àqueles que delas fizessem uso.
Com aparência de quem padecia de algum incômodo grave, respondeu-lhe o Cavalo:
- Em boa hora chegaste, amigo; não, necessariamente, para me resguardares de más plantas, já que as conheço muito bem. Ser-me-ás muito útil, porém, para livrar-me de grave incômodo. Feri, há dias, uma pata, e me parece estar-se formando um tumor que, a cada dia, dói-me mais. Olha, por favor.
Ato contínuo, levantou a pata que dizia ferida e aplicou retumbante e inesquecível coice na queixada do "esperto" Lobo, que deixou a campina na certeza de que jamais usaria de malícia para devorar qualquer que fosse mais forte - e inteligente - que ele.
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Se todos os Lobos charlatães encontrassem Cavalos como o desta fábula, não veriamos o triunfo de tanta impostura.X X X
Ou, como dizia vó Aurora, traduzindo mais objetivamente a história "Foi o Lobo malicioso buscar lã e voltou tosquiado."
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