quinta-feira, fevereiro 23, 2006

ASSENTO NA ONU OU HEXACAMPEONATO?

Tanto apreço tem nosso atual governo por sua política externa que destacou tres nomes da mais alta relevância para o exercício de Ministro das Relações Exteriores: o embaixador Amorim [que exerce formalmente o cargo de ministro]; o embaixador Pinheiro Guimarães [segundo os conhecedores da intimidade do MRE, aquele que efetivamente exerce o cargo]; e o embaixador Marco Aurélio Garcia [amigo e conselheiro do presidente Lula da Silva para assuntos externos].
Talvez pela inflação de ministros é que o MRE tenha sido levado a baixar, faz pouco tempo, instrução normativa determinando que todos os diplomatas que viajem para o exterior, ou dele retornem ao Brasil, coloquem em suas agendas de trabalho [evidente que por razões muito bem fundamentadas, não fora esta uma das melhores qualidades de nossos homens do Itamaraty] passagem pela Venezuela, pela Bolívia ou pela Argentina. Ficarão felizes o companheiro Chávez, o cocaleiro camarada Ego Morales e o "muy amigo" Kirchner, há quem duvide?, e estreitados os laços de amizade com esses países amigos.
Fundamental para o atual governo [só não sabe quem não quer], desde que assumiu o poder, dando continuidade [quem sabe?] a sonho antigo do presidente anterior, é conquistar para o Brasil um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU [nós - já imaginou, doce leitora? - lado a lado com Estados Unidos, Inglaterra, Rússia, França e outros um pouco menos votados; fico imaginando quantas vagas seriam abertas para nossos funcionários públicos da "carrière"].
"Percamos o hexa mas conquistemos o assento na ONU", disse alguém, às escondidas, em recente encontro no Haiti, de autoridades com algum nível de responsabilidade pela decisão de mandar para lá nossos soldados para fingir que são americanos defendendo a democracia no Iraque.
2005, Ano da Brasil na França. Alguém teria dúvidas de que a pátria de Molière poderia demonstrar pouco interesse pela sonhada conquista do assento permanente para o Brasil? Ninguém, à exceção do paparicado presidente Chirac [mudo sobre a questão durante todas as comemorações do 14 de julho no Ano do Brasil]; e que, pouco tempo após as festividades, em visita oficial à India, declarou já ser tempo de os países emergentes terem um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e que [indubitavelmente] o país indicado só poderia ser...a Índia.
Ficaram em seu(s) cargo(s) os tres ministros. Ficamos nós, brasileiros [por força da propaganda interna desenvolvida pelos marqueteiros de S.Excia.], com cara de tacho. Houve quem lembrasse, mais tarde: "Não ganhamos nem a preliminar."
Referia-se à [disputadíssima pelo Brasil] nomeação de um brasileiro para a OMC-Organização Mundial do Comércio.

Quem sabe, via América do Sul [Venezuela, Bolívia e Argentina] consigamos alguma coisa?