segunda-feira, maio 29, 2006

ESTUDAR DÓI MENOS QUE INJEÇÃO, EXCELÊNCIA

Nesta última quinta-feira, 25/05, o presidente Lula da Silva utilizou a parte final do programa nacional gratuito de televisão de seu partido para dar o fecho de ouro no tema desenvolvido - aliás muito bem - pelo PT: educação. Deixou no ar, na parte que lhe coube naquele horário, a jóia abaixo, na certeza de que vive em um país de apedeutas e desmemoriados como ele:
“Eu estudei menos do que gostaria... não pude cursar a universidade”.

Esqueceu-se Sua Excelência - mais uma vez evidenciando a falta de memória que o acometeu de uns tempos para cá - que, durante mais de vinte anos viveu, sem trabalhar, às expensas de seu partido. Ninguém, muito menos ele, poderá dizer que foi um despossuído, abandonado pelo sorte e distanciado, por força das circunstâncias financeiras, de melhores possibilidades para instruir-se. Não, Sua Excelência não estudou porque não quis, porque não lhe interessou; sustentou-se utilizando outras formas que independiam da leitura dos livros, que não careciam de esforço mental que se adquire nos bancos escolares.

Lembro, para ilustrar o que digo, da época em que preparava a TV Cultura de São Paulo - estávamos no início deste ano eleitoral - uma trilogia que documentava as melhores entrevistas dos 18 anos de existência do programa Roda Viva. Marcou-se encontro do presidente Lula no Palácio do Planalto com a equipe daquela emissora para gravação do programa que foi ao ar, se não me engana a idade, no mês de janeiro. Paulo Markun, jornalista âncora , gentilmente alertou Sua Excelência de que, no encerrameto do programa, passaria às suas mãos os tres volumes que compunham o documento, relevando - para evitar possível gafe do homenageado - que apenas o primeiro deles estava concluído; os outros dois tinham, apenas, as capas; as páginas estavam em branco.
Pois bem: Lula da Silva devolveu a Markun o volume já pronto, pôs-se a folhear os outros dois em branco e, com indescritível ar de felicidade, brindou seu interlocutor com o seguinte comentário:
“Isso é que é livro bom [...] A gente nem precisa ler.”

Foi um constrangimento só. Todos os presentes tinham conhecimento da aversão do presidente pela leitura; mas com prova dos nove e prova real não podiam nem imaginar.
Dizer que o marido de dona Marisa faltou com a verdade no programa de seu partido na última quinta-feira é falhar com o respeito que se deve ao presidente. Mas, em respeito aos milhões de crianças pobres que sairam da mesma região de onde veio, filhos de famílias tão ou mais carentes que a sua e que venceram mil e tantas dificuldades para conquistar os conhecimentos que fizeram deles homens dignos, produtivos e honrados, caberia ao presidente, no mínimo, silenciar sobre a questão.

Seguir o caminho do companheiro de tantas batalhas - o deputado Vicentinho - formado em Direito depois dos quarenta, não faria de Lula um exemplo para esta parcela de povo humilde que, de fato, encontra tantas dificuldades para estudar e progredir na vida?
Deixo o julgamento com você, perseverante e estudiosa leitora.