quinta-feira, junho 29, 2006

EM TEMPO: PARABÉNS À JORNALISTA E ANIVERSARIANTE

Lucia Hippolito, jornalista da última safra, aniversaria hoje. Homenageio-a - o que era meu desejo faz tempo; o aniversário foi a deixa - transcrevendo matéria sua sobre a Batalha de Londres. Não parece, mas o Brasil em que hoje vivemos tem tudo a ver com aquele batalha.
Parabéns, Lucia. Seja feliz em sua nova profissão.

"Lealdade

Entre 7 de setembro e 4 de novembro de 1940, a aviação alemã despejou várias toneladas de bombas sobre Londres, numa das mais violentas batalhas da Segunda Guerra Mundial.
Durante o que ficou conhecido como a Batalha da Inglaterra, foram 57 noites de puro horror.
A população da capital inglesa viveu esses dias inteiramente aterrorizada, dormindo em abrigos e voltando no dia seguinte, para encontrar, no lugar onde tinha sido sua casa, um monte de escombros.
A destruição atingiu até mesmo uma ala do Palácio de Buckingham, residência da família real.
O rei George VI foi vivamente aconselhado a deixar Londres com sua mulher e suas duas filhas, uma das quais é a atual rainha Elizabeth II.
Se a família real se mudasse para o interior da Inglaterra, suas chances de sobreviver às bombas nazistas seriam infinitamente maiores.
Nessa hora, ao contrário do que era aconselhado, a rainha ergueu-se como um monumento.
Baixinha, gordinha, sem nenhuma importância até ali, a mulher de George VI transformou-se numa leoa, na solidariedade ao seu povo.
Não só declarou que ninguém de sua família deixaria a cidade de Londres, como passou a visitar diariamente bairros bombardeados para mostrar que a família real continuava ali, ao lado de seu povo, mesmo na mais tenebrosa adversidade.
Com isso, a rainha conquistou para sempre a admiração e o amor dos ingleses.
Morreu em 2002, com 101 anos, cercada pela devoção do seu povo. Naqueles dias de 1940, a família real inglesa demonstrou absoluta lealdade à sua gente. A população de Londres não foi abandonada.
Na mais dura prova até então vivida por uma grande cidade, os londrinos tiveram ao seu lado o seu rei, sua rainha e seu governo.

A primeira família, seja na realeza ou na República, é sempre simbólica.
Ela é uma transmissora de valores, de adesão às marcas nacionais.
Seus atos apontam caminhos, soluções e possibilidades.
O exemplo que ela dá revela seu compromisso com o país e seu futuro.

Tudo isso me vem à lembrança quando leio nos jornais que no Brasil a esposa do presidente da República solicitou e conseguiu de um governo estrangeiro cidadania para ela, seus filhos e seus netos.
A mulher do presidente Lula, seus filhos e netos são hoje também cidadãos italianos.

O que será que isto quer dizer?

Como é que esta atitude será interpretada pela maioria dos brasileiros, que não querem fugir do país e que tentam, todo santo dia, fazer do Brasil um país melhor?
Como o Brasil espera inspirar confiança nos investidores estrangeiros, quando a família do presidente da República já conseguiu para si mesma uma rota de fuga do país?

Em tempo:
Vale recordar que Dona Marisa Letícia (assim mesmo, agora ela o usa os dois nomes, 'para ficar mais formal') andou se justificando com asnina sinceridade: segundo ela, o pedido de cidadania italiana foi para 'garantir aos filhos um futuro mais seguro'.

Ela deve saber qual futuro seu marido está construindo..."

Lucia Hippolito
Jornalista

Pense nisso, sensata leitora.