segunda-feira, outubro 23, 2006

AINDA HÁ SUBÚRBIOS COMO ANTIGAMENTE? E BARÕES COMO MAUÁ?

Fui menino criado em subúrbio, até meus dez anos de idade, na época em que não era feio ser suburbano, estudar em Escola Pública, andar de trem, usar geladeira com gelo comprado no geleiro que passava, rigorosamente, às nove da manhâ e às cinco da tarde em frente às casas de seus clientes e comprar doce-de-leite no seu Zé lá na praça.

Pouco mais de cem metros separavam minha casa dos muros da Mauá - assim chamávamos a Escola Técnica Barão de Mauá - que ostenta hoje nome mais condizente com a era tecnológica em que vivemos atualmente.
Seus muros - que pulava com agilidade até hoje não bem assimilada por mim [fico imaginando se meu neto, com menos de dez anos, hoje, seria capaz, como fui eu, de pulá-los], - gigantescos àquela época, ao menos assim os víamos, eram diariamente por nós [os meninos da época] conquistados, com destreza que jamais consigo imaginar ver em Lucas, filho de minha filha mais nova, recém-passada dos quarenta.
Íamos roubar oitis na Mauá, rica naquelas frutinhas amarelas que, quase sempre, comíamos [ou chupávamos, sei lá] ainda verdes, cheias de cica cuja adstringência, até hoje, não consigo tirar do céu de minha boca. É verdade que havia os bedéis e os cachorros atrás de nós, obrigando-nos a retornar para a rua - cheios de oitis nos bolsos e nas mãos - mas não sem antes, do muro gigantisco, fazer caretas e dizer cabeludos palavrões aos responsáveis pela guarda da escola.

Nunca nos preocupamos em saber quem foi o tal Barão de Mauá; só vim a ter conhecimento de sua existência e importância para a história desta - à beira da derrocada total - terra em que vivemos, já rapaz, em domingo chuvoso que dediquei à leitura daquele livro grosso, meio que escondido na biblioteca de meu pai: era a
Biografia de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá.
Acredito que você, caríssima e inteligente leitora, tenha vivido domingo como aquele de minha juventude e tomado conhecimento da vida do grande brasileiro que foi o Barão, lembrado neste dia 19 de outubro último, sexta-feira , na matéria abaixo, de Rodrigo Constantino, a seguir reproduzida; caso contrário, saiba um pouco sobre ele:


"Mauá ou Lula?

Em 1852, numa cerimônia de inauguração de uma estrada de ferro, Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, fez com que o Imperador D. Pedro II se curvasse num gesto simbólico de trabalho, com uma pá de prata e um carrinho de jacarandá. A humilhação foi tanta que o imperador guardou forte ressentimento. A metáfora do gesto estava clara: todos deveriam obter seus recursos pela via do trabalho, inclusive a aristocracia acostumada a viver explorando os escravos.
Mauá foi um ilustre empreendedor, o maior que já existiu no Brasil. Bastante esforçado desde pequeno, educado por um comerciante inglês, trilhou uma incrível trajetória de sucesso, se tornando o homem mais rico do país. Foi um inovador, trouxe enorme progresso para o Brasil em diversas áreas, fundou seu Banco do Brasil, inovou com um tratamento isonômico entre homens livres e escravos, enfim, foi de uma relevância sem igual para os avanços de nossa nação. Foi o ícone de uma mentalidade que infelizmente representa uma minúscula minoria na terra brasilis, do herói Macunaíma, onde parasitar rende mais que lutar por conta própria para vencer na vida..."
Clique aqui e leia o restante da matéria.