sexta-feira, janeiro 22, 2010

LULA, HIGIENIZADO

Ontem - quinta-feira, 21 - a revista inglesa "The Economist", em pouco mais de uma linha, definiu com perfeição o personagem principal do filme [ou será um domentário?] "Lula, o Filho do Brasil":  
"... é bom demais para ser verdade: estudante perfeito, marido perfeito e um político moderado que repudia a violência."
  
Destaca a revista  os novos caminhos seguidos pelo mercado do entretenimento - que já não considera aético a transformação em mito de pessoas ainda vivas, em filmes que seja - e lembra que se passaram longos 34 anos depois de morto o líder indiano Gandhi para que sua vida fosse mostrada nas telas de cinema.

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Em matéria escrita para a Folha, no ano que passou, o colunista César Benjamin, 55 - fundador [com um grupo de outros intelectuais] do PT, partido do qual se desfiliou em 1995 - afirma em determinados trechos dela:
"... estão preparando uma campanha milionária para o ano que vem, baseada em cabos eleitorais remunerados e financiada por grandes grupos econômicos... e o conteúdo de sua pregação, como o filme mostra, estará centrado no endeusamento de um líder... perpetuar-se no poder [para o líder, Lula] tornou-se mais importante do que construir uma nação. "


O filme, como já percebeu a preclara leitora do contido no texto de Benjamin, é nada mais nada menos que "Lula, o Filho do Brasil", inteligentemente tratado na matéria publicada ontem pela revista britânica.

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Lançado no dia 1º do corrente mês em 513 salas de projeção, o "filho do Brasil" foi visto, até hoje, por um público inferior ao que assistiu "Xuxa e o Mistério da Feiurinha", protagonizado pela louríssima Cinderela da Classe Média e sua filha Sasha.

Trata-se, a bem da verdade - e é de conhecimento geral -, de trabalho cinematográfico que teve, durante meses, cuidadosa atenção dos especialistas em marketing da Presidência da República [responsáveis por sutis ajustes objetivando torná-lo mais emotivo que a versão primeira de seu diretor] e cuja produção contou com o financiamento de empresas estatais e privadas ligadas ao governo federal por robustos contratos.
Falo, obviamente, do filme sobre Lula.

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"Lula, Higienizado" foi o título dado por seu autor à matéria publicada em "The Economist".

Quem sabe não terá sido por conta do destaque dado pelo filme às virtudes do personagem principal ["capturadas em close-up"] em detrimento de seus defeitos ["que ficaram na mesa de edição"]?


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